quarta-feira, 1 de junho de 2011

Povos Africanos no Brail

Referências territoriais de origem de povos africanos e o Brasil

Povos africanos de impérios e reinos diferentes, portanto, com variadas referências de estruturas sociais, organização política, matrizes tecnológicas e culturais, vão ser a base do desenvolvimento do sistema escravista no Brasil, que tem particularidades substanciais em relação às demais regiões da América.

A manutenção dessa estruturação política, econômica e territorial por quase quatro séculos no território brasileiro e a quantidade de africanos importados até 1850, não devidamente quantificada, mostra como a sociedade escravagista conseguiu estabilizar-se e desenvolver-se.

Por outro lado, verifica-se que a continuidade da importação de escravos conseguiu manter esse sistema por muitos séculos, utilizando-se de mecanismos reguladores que substituíam o escravo morto ou inutilizado por outro importado, sem que isso causasse desequilíbrios no custo das mercadorias por ele produzidas.

Devemos ressaltar que foram as regiões geográficas do Brasil de interesse econômico europeu que detiveram os maiores fluxos de populações africanas escravizadas.
No século XVI, a principal referência espacial é dada pelas regiões caracterizadas como Alta e Baixa Guiné. Os escravos trazidos dessas regiões foram encaminhados, principalmente, para as áreas açucareiras de Pernambuco e da Bahia, mas também, foram levados para o Maranhão e o Grão-Pará.
Nos séculos XVII e XVIII, as mais importantes e duradouras extensões territoriais das rotas do tráfico negreiro se constituíram: as Costas da Mina e de Angola. Nesse período ocorreram os maiores volumes de povos africanos transportados para o território brasileiro.

No século XVII o tráfico foi dinamizado na Costa de Angola, transportando povos africanos para a Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e regiões do centro-sul do Brasil. Na Costa da Mina, o fluxo foi para as províncias do Grão-Pará, Maranhão e para o território que, atualmente, é o Rio Grande do Norte.


A primeira metade do século XIX foi caracterizada pelos vários tratados que visavam a abolição do tráfico negreiro, o que no Brasil só ocorreu efetivamente em 1850. Neste período, as ligações bilaterais entre os continentes africano e americano foram desfeitas e as rotas do tráfico triangular entre a América, a África e a Europa foram destruídas.


A extensão dos impérios africanos e a intensidade do comércio de povos da África, ao longo dos séculos da diáspora, nos apontam para uma dimensão ampla e de difícil reconstituição - a caracterização etnológica dos africanos e de seus descendentes no Brasil.


Foram trazidos para constituir a formação do território brasileiro sereshumanos dos tipos: Minas, Congos, Angolas, Anjicos, Lundas, Quetos, Hauças, Fulas, Ijexás, Jalofos, Mandingas, Anagôs, Fons, Ardas, dentre muitos outros e outras, que possibilitaram o que podemos denominar de afro-brasileiros, ou seja, brasileiros de matriz africana ou população de ascendência africana. Entretanto, a referência geográfica precisa não possui uma resposta satisfatória.
Com denominações desse tipo, fica “escondida” ou “embutida” uma riqueza tipológica, ainda não devidamente estudada e nem quantificada.
É importante marcar decisivamente que os povos africanos não foram responsáveis somente pelo povoamento do território brasileiro e pela mão-de-obra escrava; eles marcaram e marcam, de forma irreversível, a nossa formação social, tecnológica, demográfica e cultural, que, ao longo desses séculos, foi preservada e recriada, mesmo com as políticas contrárias do sistema.Os povos de matriz africana são os responsáveis pela adequação, nos trópicos, das técnicas pré-capitalistas brasileiras, como, por exemplo: a mineração, a medicina, a nutrição, a agricultura, a arquitetura, a pecuária, a tecelagem, a metalurgia, a cerâmica, as estratégias militares e a construção. São responsáveis também pela elaboração do português africanizado e da religião com a sua cozinha sagrada.

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